sábado, 14 de setembro de 2013

Entrevista com Paulo Neto

Às vezes precisamos que alguém sinalize o que somos para darmos voz a um talento. Foi assim com Paulo Neto. Embora tenha começado sua carreira artística ainda adolescente como desenhista, descobriu-se cantor através de ouvidos alheios, que lhe apontaram sua habilidade vocal. Cantou em bares, casas de shows e comandou trios elétricos, até que findou participando de dois reality shows, "Fama" e "Ídolos", antes de se mudar de Condado, interior de Pernambuco, para São Paulo. Foi onde, depois de um percurso que incluiu a sua participação em importantes projetos culturais e a sua premiação no  “22º Prêmio da Música Brasileira” (melhor interprete na categoria “Vale Cantar Noel”), concebeu o que considera o seu primeiro disco, junto ao produtor Thiago Marques Luiz, intitulado "Dois animais na selva suja da rua", em 2011 – dois anos antes fez o CD “Samba eu Canto”, que lhe serviu como o registro do percurso de aprofundamento que havia feito recentemente pelo ritmo, assim como de cartão de visitas a contratantes e produtores. Depois de uma crise carregada de incertezas sobre o que poderia ter entregado em “Dois animais...”, trabalho que recebeu boas críticas, voltou a querer trabalhá-lo em shows para finalizar seu ciclo em grande estilo, com o lançamento de um compacto em vinil com duas músicas do álbum e as duas faixas do repertório complementar ao disco, lançadas em 2012 como single. Neste ínterim, junto à cantora e compositora Isabela Moraes, e ao multi-instrumentista Joan Barros, começou um projeto que remonta ao que engendrou o desejo deles pelo caminho da música, chamado “Bon Vivant”. Enquanto todos têm pressa para seguir adiante, o show propõe uma retomada do momento anterior à carreira de fato, com o intuito de celebrar o que os formou como ouvintes e, certamente, artistas. Só então Paulo Neto pretende seguir adiante, sem jamais se perder de si próprio. O show “Bon Vivant” terá sua estreia neste sábado, na Casa Musicoteca. As fotos do centro do mural e das capas do disco e single "Dois animais na selva suja da rua", são de Naíra Messa; as do canto superior esquerdo e direito são de Lauro Lisboa.


1. Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Desde muito pequeno o meu brinquedo era o meu caderno de desenho. A minha mãe era fã e ouvia os artistas populares da época, como Fagner, Joanna, Fábio Jr., Roberto Carlos... Já a minha vizinha ouvia o pop do pop, artistas considerados bregas, como Odair José, Amado Batista, Márcio Greyck, Reginaldo Rossi... Esses foram meus primeiros contatos com a música. Meu avô tocava sanfona (muito Luiz Gonzaga) para os netos ouvirem aos domingos. Enquanto ele tocava, eu desenhava.

2. Qual a sua formação?

Estudei canto popular na antiga ULM, hoje EMESP Tom Jobim, aqui em São Paulo. Mas o que me formou de verdade foi tocar na noite, em barzinho. O palco que é uma grande escola, a maior de todas.

3. Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Eu já tinha encanto pelo desenho e, depois de subir ao palco, acho que ficou mais claro pra mim o meu oficio. Como eu não tinha apoio familiar, estava prestes a fazer Educação Artística ou Desenho Industrial, quando surgiu a oportunidade de participar do programa “Ídolos”. Foi aí que decidi mudar definitivamente para São Paulo e viver de música.

4. Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Minha estréia foi em 2002, em um show para aproximadamente cinco mil pessoas na minha cidade, depois de indicar um amigo que não conseguiu cantar por vergonha. Eu, pra desinibi-lo, acabei cantando junto e findei sendo chamado pra cantar. Este show me rendeu um bom cachê e mexeu comigo. (risos) Daí em diante não parei mais. Em 2006, participei do reality show “Ídolos”. O programa serviu para me trazer pra São Paulo, foi quando comecei a estudar canto na Universidade Livre de Música, hoje EMESP - Tom Jobim, o que me abriu muitas possibilidades, como cantar com a Orquestra Tom Jobim na Sala São Paulo. Em 2011, fui premiado como melhor interprete, na categoria “Vale Cantar Noel”, do Prêmio da Música Brasileira. A partir daí tive a oportunidade de gravar o meu primeiro disco, “Dois animais na selva suja da rua”, com produção de Thiago Marques Luiz e direção artística do (também DJ) Zé Pedro, lançado em 2012. Depois dos shows para promover o CD, lançamos um single com as canções “Sintonia” (Moraes Moreira/Zeca Barreto/Fred Góes) e “São João do Carneirinho (Frevo)” (Isabela Moraes), que complementaram o “Dois animais...”. Agora venho pensando no novo disco, formando o repertório, já decidindo o seu conceito estético, ao mesmo tempo  em que faço shows e participo de projetos paralelos como o “Bon vivant”, com Isabela Moraes e Joan Barros, que fala da nossa trajetória.

5. Quais artistas lhe influenciaram?

Fui muito influenciado pela literatura de cordel. Meu avô é cordelista por hobby, e meu vizinho, José Costa Leite, é um dos maiores autores do gênero no Brasil. Da música, tive muita influência de vozes masculinas. Eu era fissurado pelo Emílio Santiago e pelo Caetano Veloso.

6. Quando passou a se considerar profissional?

No primeiro show.

7. Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Sinceramente, eu não tinha a mínima ideia. Quem tem uma visão externa geralmente acha que é muito fácil pelos momentos mágicos que a arte pode proporcionar. Eu não pensei muito sobre isso. Esse é o meu jeito.

8. Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Ser artista é uma delícia, é tão comum para mim que eu não consigo olhar com distanciamento. Por outro lado, é uma profissão difícil, uma caixinha de surpresas, além de ser cheia de cobranças.

9. Como é o seu dia de trabalho?

Depende muito... Se é dia de show, tenho meus rituais... Tomo meus cuidados com a voz fazendo uma serie de exercícios para aquecê-la, e medito para estar inteiro no palco. Faço aulas de canto. Tem dias em que ensaio. E tem os nos quais eu só penso sobre a criação de alguma canção, ou escrevo algum texto. Assim como tem vezes em que já acordo desenhando. (risos)

10. Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Elas ajudam e prejudicam. Ajudam, pois muitas pessoas de diferentes lugares podem ter acesso ao meu trabalho através da indicação ou compartilhamento de amigos, por exemplo. Prejudicam, pois as promoções pagas que “sugerem” certos conteúdos muitas vezes desvirtuam a atenção do público. Contudo, a Internet permitiu que mais artistas passassem a existir além da televisão e da grande mídia.

11. É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

É bem difícil, mas é possível. Como todo profissional, você precisa se destacar para isso te gerar outras possibilidades. É preciso ser agradável, comunicativo, fazer um bom show que agrade as pessoas. Saber vender o seu produto e entrega-lo da melhor forma possível, ser um bom profissional.

12. Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

Eu não consigo imaginar, não penso muito sobre... Quero continuar me mantendo e galgando os degraus internos como ser humano e artista. Espero que este excesso de informações de hoje passe por um funil e que permaneça somente o que for bom.

13. Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Por hoje não. (risos)

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Entrevista com André Abujamra

Cantor, compositor, multinstrumentista, diretor e ator, André Abujamra é sincrético por excelência e sua obra é a perfeita tradução das inúmeras referências em que se inspira. Nasceu artista e se aprofundou nos estudos da música ao longo da vida desde tenra idade. É filho de Antônio Abujamra, importante ator e diretor brasileiro, a quem acompanhava ainda neném da coxia, enquanto sua mãe o amamentava. Teve o início de sua carreira profissional de músico revisitado em 2013, com o lançamento do documentário “Música serve pra isso – Uma história dos Mulheres Negras (de Bel Bechara e Sandro Serpa), banda autointitulada “a terceira menor big band do mundo”. Nela, dividia os vocais e as composições com Maurício Pereira, saxofonista, tocando guitarra, teclado e bateria eletrônica. Os dois discos que lançaram, “Música e ciência” (1988) e “Música serve pra isso” (1990), transpiram uma inventividade ímpar na mistura de referências que vão da música clássica ao rock, passando por todo o resto. Fora de catálogo (até quando?) e vendidos a peso de ouro em sites de leilão e sebos, são bricolagens musicais antropofágicas com intenções pop que fotografam o tempo no qual foram produzidas. No entanto, são obras que se mantêm frescas e relevantes. Desde então, André fundou os grupos Karnak, do sucesso “Alma não tem cor”; Fat Marley; e Gork, além de ter lançado discos solo e composto várias trilhas sonoras para o teatro, o cinema e a televisão – inclusive o tema de abertura do programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum”, produzido pela TV Cultura entre 1994 e 1997. Sua mais recente incursão como ator foi na televisão, como Mestre Cursino no remake da telenovela “Saramandaia”; e no programa “Abusando”, no qual encarna o personagem Andrei Lovborg e fala russo, exibido às terças-feiras no Canal Brasil à meia noite. O russo arcaico embromado que é falado no programa também foi usado em “Família Lovborg”, espetáculo teatral do qual foi diretor musical e artístico, arranjador, videomaker, pianista e ator. Contudo, se define como músico, e é desta arte que fala quando peço para que imagine o futuro de sua profissão. “Música é que nem vento... A gente sabe que existe, mas ninguém vê. O som não acaba, a música não acaba... O futuro é infinito para a minha música.” E ela segue reverberando. O mural de imagens de André Abujamra é composto, em sentido horário, por: foto de Tom B para o disco “Tomorow tecnik” (2012), do Gork; caricatura d’Os Mulheres Negras por Pena Schmidt; foto de Eduardo Barcellos para o disco “Mafaro” (2010), de André Abujamra.

1.  Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Minha mãe me dava leite no peito na coxia do teatro. Aí foi a primeira. Depois, aos três anos de idade meu pai me levou para a escolinha de música.

2.  Qual a sua formação?

Estudei música a vida inteira... Fiz o terceiro colegial nos EUA e lá também estudava música... Na volta, fiz 12 anos de composição e regência... Sou músico. (risos)

3.  Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Isso vem da barriga da minha mãe... Nasci músico.

4.  Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Eu comecei cedo... Aos cinco anos já tocava piano em publico, aos vinte e três montei Os Mulheres Negras, depois o Karnak, depois o Fat Marley, depois vieram os meus CDs solo... E fiz muita trilha de teatro, cinema e televisão.

5.  Quais artistas lhe influenciaram?

Essa banda (Les Luthiers) argentina:  http://www.lesluthiers.com
Esse maestro (Spike Jones) da década de 50: http://pt.wikipedia.org/wiki/Spike_Jones. (Ígor) Stravinsky: http://www.youtube.com/watch?v=5tGA6bpscj8
(Serguei) Prokovief: http://www.youtube.com/watch?v=8ZqKWNyjuHE
Hermeto (Pascoal): http://www.hermetopascoal.com.br. 

6.  Quando passou a se considerar profissional?

Desde que nasci... Sou artista antes de ser.

7.  Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Impossível responder a essa pergunta. (risos)

8.  Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Hoje sou ator e diretor, além de músico... Ser artista no Brasil é bem difícil, assim como qualquer outra profissão.

9.  Como é o seu dia de trabalho?

Eu trabalho todo tempo... Crio o tempo todo... Mesmo no silêncio eu estou inventando... Eu vivo de Ventar, IN-VENTAR.

10.  Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Meu Facebok de artista está crescendo, meu Twitter está aumentando para quarenta mil seguidores, e meu ReverbNation está bombando... Claro que me ajuda.

11.  É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

Eu lavo, passo e cozinho em arte... Eu nunca fiz nada sem ser arte... Casei quatro vezes, várias pensões... E sempre consegui (dificilmente) sobreviver.

12.  Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

Música é que nem vento... A gente sabe que existe, mas ninguém vê. O som não acaba, a música não acaba... O futuro é infinito para a minha música.

13.  Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Quando você vai ao médico, paga a consulta... Quando você vai à padaria e come o pão, paga por ele... A música ninguém paga mais, e ninguém vive sem... Acho que um dia as pessoas deveriam pensar sobre isso. Eu não sou contra baixar musica não, mas acho que a tecnologia poderia nos ajudar no futuro. Sei lá, alguma empresa de telefonia eletronicamente pagar para o artista alguma coisa.

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sábado, 31 de agosto de 2013

Entrevista com Alan Medina

É impossível não relacionar a figura de Alan Medina aos vários filmes publicitários que protagonizou e que se tornaram populares grandemente por seu carisma e timing para o humor. De menino azarador que se vale mais pelo seu pacote de batatas que por sua lábia, ao atendente de uma empresa que vai ficando fisicamente como a cliente de tão personalizado o atendimento oferecido, são mais de cem trabalhos e muitos os personagens que causam inegável empatia ao serem personificados por Alan. Contudo, seu excelente desempenho na publicidade é resultado do estudo e trabalho em diferentes meios como o teatro, o cinema e a televisão. Tendo se iniciado nas artes como aprendiz de balé clássico, cursou Artes Dramáticas e Cinema, cultivando em seu currículo cursos com grandes mestres como o cineasta Walter Lima Jr., o diretor de peças teatrais Antunes Filho, a coach de elenco Fátima Toledo, e o diretor de TV Wolf Maia, só para citar alguns. Mas é como diretor que a criatividade de Medina pode ser vista de forma mais ampla e profunda, também como roteirista e produtor, em curta metragens como “De olho no olho” (2010, filme que mostra um falso reality show com cegos como participantes, no qual o prêmio final são as córneas de uma paciente portadora de um vírus fatal em estado terminal, que abriu o “Cine MuBE Vitrine 2010”, com Eliana Guttman, Theodoro Cochrane e Marília Gabriela no elenco) e “Obrigado doutora” (2011, que mostra a rotina de uma médica domiciliar dedicada, que tem o hábito de roubar porta retratos com fotos de seus pacientes e guarda-los em sua estante, vencedor de 9 prêmios, incluindo Melhor Filme Brasileiro no “48 Hour Film Project 2011”, e integrante da seleção oficial do estadunidense “Filmapaloosa 2012”, com Ligia Maia, José Simões e o próprio Alan atuando). Trabalhando pela primeira vez com um texto teatral que traduz completamente a visão que tem hoje sobre si e seu trabalho, Alan Medina pretende revelar-se mais que nunca. Aguardemos!

1. Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Meu primeiro contato com a arte foi certamente através do cinema, na infância. Lembro de ir todo final de semana com meu pai assistir à algum filme na Paulista. Já no início da adolescência, comecei a assistir espetáculos de dança, indicados por uma amiga bailarina. Me lembro de assistir alguns espetáculos do Ballet da Cidade e do Stagium e ficar fascinado.

2.    Qual a sua formação?

Sou ator formado pela EAD (Escola de Arte Dramática da USP) e cineasta formado pela Anhembi Morumbi.

3. Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Creio que o desejo de ser artista sempre existiu. Sempre me interessei pelo mundo artístico, à princípio como espectador, mas a intenção real em me tornar um profissional da área ocorreu quando comecei a estudar ballet clássico na Escola Municipal de Bailado, em 1994. Cursei a escola durante três anos.

4. Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Costumo dizer que as coisas foram fluindo naturalmente. A dança me levou ao teatro musical, que me despertou o desejo de ser ator. A EAD me abriu as portas para o teatro alternativo paulista e, consequentemente, ao universo do cinema independente. Hoje me divido entre trabalhos como ator e projetos como diretor de cinema. Como ator, trabalhei em espetáculos, séries de TV, longas e comerciais. Atuei no curta "Noite Perdida", de Filippo Laprieta, vencedor do prêmio de melhor filme estrangeiro no Los Angeles Comedy Festival e seleção oficial de Cannes 2013, além de inúmeros festivais internacionais. Atualmente estou filmando a série “PSI”, da HBO, com direção de Marcus Baldini. Como diretor e roteirista realizei quatro curtas. Nos próximos meses, me dedico à pré-produção da montagem teatral de um texto inédito no Brasil de um dramaturgo inglês contemporâneo.

5.    Quais artistas lhe influenciaram?

São tantos... Entre atores e diretores, escolho dois cineastas que influenciam minhas duas vertentes de trabalho: Stanley Kubrick, por sua abordagem universal, mesmo nos temas mais difíceis, e David Lynch, cujo universo sombrio e oculto me inspira muito, tanto na temática quanto na estética.

6.    Quando passou a se considerar profissional?

Quando atuei na primeira peça fora da EAD, “O Despertar da primavera” de Frank Wedekind, com direção de Zé Henrique de Paula, que ficou em cartaz no Centro Cultural São Paulo.

7.    Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Uma rotina fluida, sem muitas preocupações. A vocação me levaria aos lugares certos, escolhas certas e muitos aplausos.

8.    Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Trabalho diário, com busca contínua de renovação e velocidade na concretização de projetos.

9.    Como é o seu dia de trabalho?

Não existe um dia padrão. Se estou filmando uma série, por exemplo, é só isso que faço: 6 dias por semana, 14 horas por dia. Se estou dirigindo um filme, é a mesma coisa. Aí fico dias, ou até semanas, tranquilo, me preparando para o próximo projeto, em casa, estudando, me reciclando, ou fazendo testes para outros papéis. Gosto muito dessa falta de rotina, tem à ver com a minha personalidade. Não me imagino fazendo a mesma coisa durante longo período.

10. Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Muito. Principalmente como ator. Muitos produtores de elenco e diretores chegam até mim via Facebook ou do meu canal no Youtube. Essas ferramentas agilizaram o processo de casting. Eu diria até que, hoje, o ator não precisa mais de material físico para se vender.

11. É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

É perfeitamente possível com planejamento. Com os anos você aprende que escolheu uma profissão instável e precisa saber lidar com a sazonalidade. Hoje eu consigo me organizar financeiramente e viver da minha profissão.

12. Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

Acho que o que acontece com o artista é um reflexo do fenômeno global que atinge todas as profissões. A concorrência vai aumentar cada vez mais e os mais preparados para os novos tempos serão os primeiros colocados. O mais talentoso pode perder a corrida para o mais antenado. É preciso estar atento.

13. Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Boa pergunta! Proponho uma nova entrevista perto da estreia da minha nova peça. Que tal? Talvez pela primeira vez estou completamente mergulhado num texto que diz exatamente tudo o que eu sempre quis falar sobre mim e sobre meu trabalho. É só esperar mais um pouco...

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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Entrevista com Angela RoRo

“Feliz da vida!” é o título do mais recente CD e DVD de Angela RoRo, e não poderia ser mais apropriado para definir o momento que vive, celebrando novas parcerias com Ana Carolina, Sandra de Sá, Jorge Vercillo e Moska, além das participações de Frejat, Maria Bethânia e Diogo Nogueira no trabalho composto majoritariamente de músicas inéditas – “Compasso”, o último somente com canções novas, foi lançado em 2006. Mas não é só isso, no mês de abril foi lançado o disco “Coitadinha bem feito”, um tributo à sua obra idealizado pelo DJ Zé Pedro e o jornalista Marcus Preto, na voz de cantores surgidos no cenário musical nos últimos anos. Um momento especial numa carreira que teve sua estreia em disco tocando gaita (ao contrário de flauta, conforme consta no encarte original) na canção “Nostalgia”, do disco “Transa” (1972), o segundo e último feito em Londres no período em que Caetano Veloso lá foi exilado, peça fundamental na extensa discografia do artista. Contudo, sua verve autoral já datava de bem antes, quando aos seis anos compôs uma guarânia (gênero musical de origem paraguaia), batizada por sua mãe de "Mate verde", conforme revela na entrevista que segue. Em 1979, após já ter sido gravada pelo grupo As Frenéticas, Ney Matogrosso e Marina Lima, Angela lançou seu primeiro disco, hoje considerado um grande clássico da música brasileira, tanto pela qualidade de suas composições, várias das quais fizeram sucesso, quanto pela vigorosa interpretação vocal que caracterizaria a sua obra. Desde então, onze discos, muitas músicas conhecidas e gravações por artistas de peso depois, Angela chega de cara e alma limpas a “Feliz da vida!”. “Meu medo é minha coragem / de viver além da margem / e não parar”, ela já dizia no primeiro disco. Sorte nossa!

1. Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Papai ganhava muitos convites para teatro, cinema, circo, opera e shows. Com isso, comecei a frequentar o Teatro Municipal do Rio de Janeiro desde os sete ou oito anos de idade. Assisti a varias obras, como "Pescador de pérolas", e fui a concertos das obras de Bach, Chopin, Beethoven, Mozart... Depois, na adolescência, ia ver Maria Bethânia, Som Imaginário, frequentava rodas de Samba com Cartola e Zé Keti. E desde a infância, muito Cinema! De Jerry Lee Lewis a "Sissi - A Imperatriz", com Romy Shneider, e "Gigi", com a maravilhosa Leslie Caron. Oscarito, Zé Trindade, Zezé Macedo... E TV, que é fundamental.

2. Qual a sua formação?

Oficialmente não fiz faculdade, tão pouco universidade. Sou autoignorante! Mas desde o cinco anos aprendo música em teoria e solfejo, além da prática de piano e teclado.

3. Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Sempre foi tão natural ter a música por perto que nunca pensei em ser nada... Já era. Com quase trinta anos estava insuportável viver sem uma renda, então resolvi ceder a esse destino de quase todos: trabalhar! Apesar dos pesares, me divirto!

4. Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Meu trabalho que ano que vem completa trinta e cinco anos, foi, é e será o meu esteio. Foi sempre a música e a minha imensa vontade de me expressar através da arte que mantiveram a integridade da minha obra através de todas as dificuldades da vida. Minha entrega sincera à arte fez com que minha música me salvasse de muitos problemas e males. A música fez milagres em mim!

5. Quais artistas lhe influenciaram?

Desde criança ouvi Calipso (com Harry Belafonte), Samba (com Noel Rosa, Aracy de Almeida e Ataulfo Alves), Jazz (com Frank Sinatra e Duke Ellington), Tango (com Carlos Gardel), e Bolero (com Lucho Gatica e Trio Los Panchos). Minha mãe, apesar de amadora, era extremamente musical.

6. Quando passou a se considerar profissional?

Em 1979, quando comecei a dar continuidade aos shows e assinei contrato com a gravadora para gravar discos.

7. Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Quando lancei meu primeiro disco já tinha uns dez anos de estrada e de experiências na bagagem, incluindo um repertório autoral com bastante definição e solidez. Nunca tive sonhos para serem demolidos, só não contava que minha franqueza e jeito espontâneo fossem me tornar alvo de agressões e difamações homofóbicas por parte de diversas pessoas. Isto foi um choque, pois fui criada em uma família de boa educação e bom caráter.

8. Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Realmente o ofício é sagrado quando se trabalha com vocação, dedicação e amor. Que a vida me proteja e me encha de saúde para poder levar canções e humor por muito tempo às pessoas.

9. Como é o seu dia de trabalho?

Gosto de dormir bem, acordar tranquila, comer pouco e leve, depois tomo um banho e como algo mais consistente. Escolho roupas e sapatos, mais coisas como lenço, leque, meias e roupas de baixo extras numa malinha. Faço maquiagem e vou para o local do show. Este é um dia de trabalho com show, porém existem rotinas variadas para outras formas de trabalho, tais como fazer TV, Rádio, dar entrevistas e palestras, gravar, estudar, filmar, ser fotografada, escrever e compor.

10. Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Creio que tudo que propicie divulgação e tenha honestidade na arrecadação dos direitos do trabalhador artista é bem-vindo! As redes sociais são engraçadas e ajudam na nossa divulgação. Com meu site e perfil no Facebook tive um estímulo maior pela resposta do público e aumentei o alcance do meu trabalho.

11. É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

Fica bem difícil por vezes, mas vamos dar uma chance para que a arrecadação dos nossos direitos seja feita de forma cada vez mais correta, e que a arte seja recompensada financeiramente tal como é com elogios e fofocas.

12. Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

O futuro é um mistério que evito decifrar!

13. Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Nunca me perguntaram qual foi a primeira música que compus... Foi no acordeom, aos seis anos, uma guarânia. Minha mãe me ajudou, colocando o nome de "Mate verde". Por fim, estou lançando meus novos DVD e CD pela Bicoito Fino, intitulados “Feliz da vida!”. São treze músicas e parcerias inéditas, além de alguns sucessos, como “Malandragem”, do eterno Cazuza com Frejat. Estou FELIZ DA VIDA!

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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Entrevista com Fabiana Cozza

Impossível falar de Fabiana Cozza sem tecer os melhores elogios à sua grandiosa e afinadíssima voz, capaz de interpretar magistralmente as obras de grandes cantoras como Elizeth Cardoso e Édith Piaf. Um detalhe da maior importância é que não se trata de tributos meramente reverentes, mas da celebração dessas obras com uma assinatura vocal própria. Fabiana não é uma artista que pulsa contemporaneidade em seu trabalho, tampouco é uma que descansa à sombra de caminhos já trilhados: seu critério de escolha é tão personalíssimo quanto ao que interpreta que cantando os seus contemporâneos Kiko Dinucci, Emicida e Rappin Hood, ou compositores consagrados como Paulo César Pinheiro, Roque Ferreira e Jorge Aragão, soa original e, acima de tudo, atemporal. Embora já tenha lançado três CDs e um DVD, é no palco que sua verdade mais se revela, o que torna a experiência de assisti-la ao vivo obrigatória para qualquer apreciador de boa música, independente de gêneros. Um desempenho marcadamente teatral, com muita dança e a sua indefectível performance vocal deram o tom na gravação do trabalho que gesta no momento, um DVD em comemoração aos setenta anos que Clara Nunes, falecida em 1983, teria feito em 2012. Ao final, ovacionada de pé pelo público, foi chamada de “divina”. Como Elizeth. Como poucas no país reconhecidamente de cantoras que é o Brasil. Divinamente ela mesma. As fotos da artista foram feitas por Fernanda Grigolin.

1. Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Desde criança meus pais me incentivaram a ouvir música e a participar de eventos culturais. No colégio, aos 10 anos, cantava no coral e organizava teatro com a minha turma, escrevia poemas, dançava.

2. Qual a sua formação?

Sou formada em Comunicação Social - Jornalismo, pela PUC-SP.

3. Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Não pensava em ser artista. Despertei para a carreira após iniciar os estudos na Universidade Livre de Música, aos 21 anos, quando comecei a me apresentar ao lado da cantora Jane Duboc, com o grupo vocal “Novella”, formado por estudantes. Antes disso, cantava na igreja de Santa Maria Madalena, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo.

4. Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Comecei a cantar profissionalmente aos 21 anos, fiz teatro, dança e aos poucos fui tateando o meu caminho artístico unindo estas três linguagens para compor meu caminho de intérprete. Gravei até o momento três CDs e um DVD, participei de shows de muitos artistas brasileiros (Leny Andrade, Emicida, Ivan Lins, Dona Ivone Lara, Wilson Moreira, Nei Lopes, Zimbo Trio, entre outros), cantei com orquestras e big bands como a Orquestra Jazz Sinfônica, a Banda Mantiqueira e a Banda de Diadema, fui a vários países – França, Espanha, Portugal, Japão, EUA, Canadá, Bulgária, Chile. Sou parceira artística de vários colegas, como os pianistas Gilson Peranzzetta e Yaniel Matos, além de ter participado de projetos de outros jovens artistas como Antonio Loureiro, Tiganá Santana, Leandro Medina.

5. Quais artistas lhe influenciaram?

Muitos... Elizeth Cardoso, Clara Nunes, Alcione, Milton Nascimento, Elza Soares, Nana Caymmi. Ouvi também muitos artistas internacionais como Ella Fitzgerald, Carmem McRae, Sarah Vaughan, Duke Ellington, Oscar Peterson, Mahalia Jackson etc...

6. Quando passou a se considerar profissional?

Desde que decidi ser cantora.

7. Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Não tinha ideia do que era. Apenas a impressão de que os artistas eram felizes pois fazem aquilo que amam. E eu estava certa nisso.

8. Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Acho que o artista é um comunicador em potencial e isso exige de nós uma postura social e política consciente, atenta aos nossos dias. Um exercer responsável da Arte. 

9. Como é o seu dia de trabalho?

Me divido entre a artista, empresária, articuladora, sonhadora, dona de casa, esposa, amiga... Estou sempre conversando e trocando ideias e conhecendo, lendo, observando outros trabalhos como aprendizado e possibilidade de me melhorar.

10. Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Acho que sim. Muitas pessoas sabem de mim e sugerem meu nome, me apresentam a outras e assim a bola vai rolando.

11. É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

Demorei a conseguir isso. Foi e é uma luta sempre. Diária mesmo. Somos autônomos e, num país onde Cultura e Educação não são prioridade, ficamos à mercê da aprovação – ou não – de projetos patrocinados para respirar por alguns meses com um pouco de tranquilidade.

12. Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

Difícil de responder... Estou batalhando todos os dias para chegar um pouquinho mais longe.

13. Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Estou caminhando para uma nova fase musical do meu trabalho, tornando-o mais universal – dialogando com outras culturas – sem perder minha identidade brasileira.

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