sexta-feira, 28 de junho de 2013

Entrevista com Cássio "Catito" Carvalho

Cássio “Catito” Carvalho é um cantor e compositor brasileiro radicado na Argentina. Ele lançou o projeto de financiamento colaborativo para a feitura da arte e prensagem do seu terceiro disco, “Saudá”, através do Ideame, o maior site de crowdfunding da América Latina, dentre vários outros ao redor do mundo, como o Kickstarter, o Indiegogo, e o brasileiro Catarse. Neste tipo de iniciativa, através da colaboração do público, que é recompensada de diferentes formas dependendo do valor investido, o artista pode realizar o projeto que propõe ou parte dele, dependendo do quanto arrecadou do orçamento previsto e das políticas de cada mídia social, que pode ou não permitir o uso do dinheiro quando a quantia arrecadada é menor que a pedida pelo proponente. No caso de Cássio, sua proposta foi feita para finalizar um trabalho que já havia sido gravado, mixado e masterizado. É com muita alegria que agradecemos o apoio recebido e informamos que o projeto alcançou a sua meta antes mesmo de ser finalizado, tendo arrecadado até o prazo final 140% do valor necessário para a confecção do número de cópias estipuladas inicialmente, o que permitirá que outras mais sejam feitas. Este projeto não teria sido viabilizado sem o seu apoio, e é por isso que este tipo de iniciativa é tão importante, por permitir a realização de projetos criativos de uma forma pouco burocrática e de baixo risco financeiro aos incentivadores, além de tudo, permitindo ao artista levar o seu trabalho a um público ainda maior que o de sua própria rede. Aproveitem para conhecer novos projetos e, quem sabe, inscrever alguma ideia que precise de recursos financeiros para ser concretizada! Diante dos recentes acontecimentos sociopolíticos no Brasil e no mundo, o CulturaArtfício reafirma a sua crença na legitimidade das lutas sociais, assim como na fundamentalidade da Internet como espaço para a manifestação da opinião pública e a divulgação de acontecimentos concernentes à sociedade. O espaço virtual é a ágora mundial! A informação precede o ato e o ciberativismo a divulga. Da Internet às ruas a luta continua! O exemplo de Catito é mais uma amostra do quão amplas são as possibilidades de ação e busca pela mudança do status quo. Com vocês, sua inspiradora entrevista. Mais uma vez, MUITO OBRIGADO! Juntos e bem informados somos mais fortes do que imaginamos. Cássio “Catito” Carvalho foi retratado por EvaHarvez nas fotos do mural.

1. Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Com cinco ou seis anos, quando íamos ao recital da mostra de alunos da escola de música Escala, da Walkíria Passos Claro. Éramos espectadores dos nossos próprios colegas e também nos apresentávamos. A escola existe até hoje e é referência em educação musical para bebês e crianças. É um privilegio ter conhecido a Walkíria.

2. Qual a sua formação?

Academicamente, sou formado em Composição Musical na FAAM e em Comunicação na FAAP. Mas considero que minha principal formação é a de casa, a da liberdade que meus pais me deram para ir, ir e ir no caminho artístico. Existem professores e amigos que marcaram a minha vida e são referencia no meu “pensar e ser”. Neste sentido, a minha formação, por influencia e incentivo dos meus pais, é muito eclética.

3. Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Não escolhi ser artista, mas me lembro perfeitamente de quando desejei ser músico. Isso foi já com dezenove anos. Estava começando a ter aula de violão com o Ulisses Rocha, e lembro que na terceira aula perguntei pra ele: “Ulisses, será que dá tempo de ser músico?”. Nesse momento, com muita sinceridade e pés no chão, ele me deu uma aula sobre decisões na vida.

4. Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Estou terminando de gravar meu terceiro disco, "Saudá". O primeiro foi o "Rumores" (produzido pelo Pipo Pegoraro), de 2005, e depois foi o "Casa em Construção", de 2009, disco que anunciava minha despedida do Brasil. O "Saudá" é meu primeiro disco gravado na Argentina, depois de quatro anos como residente, com músicos daqui (Buenos Aires) e tal. Acho que será o primeiro com conceito claro de "álbum", de unidade. Escolhi o Fabián Martin para ser o produtor e diretor musical. O trabalho dele foi fantástico, tanto organizacional como musical, de direção e produção do disco. Já se passaram oito anos desde o primeiro disco, não sei se é bem uma carreira, o que sinto é que tenho a sorte de poder "viabilizar" essas canções que construo ou invento. Paralelamente, sou um apaixonado pelo audiovisual e realizei trabalhos como o vídeo "Contrapeso", que me dão uma certa satisfação. A educação é outra paixão e parte da minha vida. Trabalhei em São Paulo como arte educador e agora sigo este caminho em Buenos Aires também em escolas e espaços especializados em arte para "niños". E na área de música infantil teremos boas surpresas para os próximos anos: estou preparando um disco infantil, um canal no YouTube com vídeos de jogos educativos/musicais para as crianças. Para completar, estou preparando três livros de ficção para crianças. Vamos ver... 

5. Quais artistas lhe influenciaram?

Acho que o artista mais importante para mim foi um professor, o Ricardo. Talvez por isso eu tenha encontrado na educação uma parte inseparável do meu fazer artístico. O Ricardo Rizek, tenho certeza, é para muitos colegas meus essa referência mágica e poderosa dentro da Arte. Anteriormente na entrevista eu disse que meu primeiro recital como espectador foi aos cinco anos na escola de iniciação musical. Porém, isso oculta um fato interessante a respeito do meu interesse pela música. A verdade é que, na adolescência, eu não tinha interesse concreto pela musica. Gostava de gravar e editar vídeos das festas familiares e depois dublar, colocar música e tal... Mas isso era uma brincadeira natural, como jogar videogame. Tinha mais a ver com uma investigação "eletrônica" que com uma questão artística, por assim dizer. No entanto, tenho até hoje a sensação de que "algo me despertou de um sono profundo": o show "Circuladô", do Caetano Veloso. Fui por casualidade a este show, sobrou um ingresso e meus pais me convidaram. Lembro-me que fui meio sem querer, sem vontade até. Meus pais e meu irmão mais velho, Juliano, já escutavam muito musica brasileira em casa, muito engajados com o que seria depois para mim a grande paixão. Depois desse show entendi que a música era algo diferente, especial. Apaixonei-me por isso. Comecei a perceber que o que meu irmão ouvia era o que em realidade manteria esse sonho acordado. Aquela musica me havia despertado para o sonho... Com isso, posso dizer que tanto o "Circuladô" quanto o meu irmão foram dois elos que definiram minha sorte neste começo.
             
6. Quando passou a se considerar profissional?

Acho que depois do primeiro CD, em 2005, quando vieram os primeiros shows autorais.

7. Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Uma ideia distante. Sempre foi difícil para mim pensar, imaginar a rotina, o trabalho dentro da música. Como ganhar dinheiro, como pagar o aluguel. Tive que ir vivendo isso para poder entender por onde e como se davam estas coisas.

8. Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Que depende de muitas coisas, que não é só a composição, só a criação. É empreender, gerar trabalho e contatos, atirar no escuro e, o mais importante, saber o que me motiva.

9. Como é o seu dia de trabalho?

Tenho muitos trabalhos. Me esforço para ter rotina porque me faz bem. Mas é difícil. Às vezes é um dia mais de estudo, às vezes mais de leitura, no outro pode pintar um poema, a edição de um vídeo, no outro chamar músicos pra ensaiar, no outro resgatar alguma melodia perdida no gravador e colocar letra, terminar a idéia. Buscar, buscar... O divertido e o complicado de ter o privilégio de trabalhar por prazer é que este não se limita a cargas horárias. Entra e sai fim de semana e o cara está ali com aquele mundo na cabeça. Tudo é trabalho e matéria prima, neste caso.

10. Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Sim, totalmente. Lembro que quando terminava uma música, mostrava pra família e isso já era muito... Hoje, temos a oportunidade de mostrar em pouquíssimo tempo logo para uma centena de pessoas. Isso enriquece o caminho porque inspira a produzir, a melhorar, a desenvolver etc. Também estamos comemorando outra vitoria "virtual". Recentemente, tivemos êxito no processo de Financiamento Coletivo: através do site Ideame arrecadamos fundos para a prensagem do álbum "Saudá", por exemplo. Uma coisa absolutamente incrível e que sem as redes sociais e a Internet seria impensável. O Financiamento Coletivo abre portas para transformar muitos paradigmas em relação a projetos artísticos e culturais independentes. É uma nova e poderosa ferramenta.

11. É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

Às vezes digo que não quero viver da arte porque ela não merece tanta porrada da vida [risos]. Pago as contas com a somatória de uma série de afazeres em educação e arte. No meu caso, como eu disse antes, estão de mãos dadas a arte e a educação.

12. Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

Mais ou menos como é agora, neste começo dos anos de 2010. Muita diversidade e espaço para todos.

13. Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Não saberia dizer agora. Fica para uma próxima?

Para conhecer mais do trabalho de Cássio “Catito” Carvalho, visite sua página oficial:
E curta a sua página no Facebook para saber o que ele anda fazendo:
https://www.facebook.com/pages/Cassio-Catito-Carvalho/105404216169350?fref=ts

Para ficar atualizado das novidades do Cultura Artfício, curta nossa página no Facebook:

http://www.facebook.com/pages/CulturaArtf%C3%ADcio/468080566563433?fref=ts
Ou siga-nos no Twitter:
https://twitter.com/CulturaArtficio

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Entrevista com Carmen Watson

Poucas coisas são tão comoventes quanto se deparar com alguma manifestação artística que te toma os sentidos sem qualquer conhecimento prévio sobre o seu criador ou a criação em si. Tratam-se de encontros cada vez mais raros, dado que costumamos não nos permitir ir a qualquer evento cultural, ver ou ouvir alguma obra sem o crivo de um amigo, crítico ou veículo de nossa confiança nos pautando na experiência de ser espectador. E “mergulhar na surpresa”, parafraseando a música que dá nome ao belo disco que Maurício Pereira lançou em 1998, é a melhor forma de nos entregarmos à verdadeira observação, à experiência única e intransferível de perceber uma produção artística. Sem insights pré-concebidos ou informações em excesso sobre o que será visto, repetidas frequentemente à exaustão e sem qualquer elaboração nas filas que antecedem espetáculos/filmes ou nos cafés de museus/galerias. Sou destes que gostam de saber dos detalhes antes, de ler todas as críticas disponíveis, de entender em qual contexto a obra se situa etc., mas cada vez mais venho aprendendo que saborear a arte no escuro pode proporcionar momentos inesquecíveis quando uma obra/artista nos assombra a percepção. Lembro quando passando de canal em canal, vi um rapaz que gritava com dor durante uma canção na qual falava da falta de amor em São Paulo. Foi como receber um soco no estômago que me tirou o ar. Era Criolo cantando “Não existe amor em SP” no MTV na Brasa, apresentado por China – programa que infelizmente não é mais produzido. E assim foi quando, após assistir no Memorial da América Latina ao documentário Nosotros afroperuanos”, de Gabriela Watson e Daniele Almeida, conheci a dança de Carmen Watson, que deixou o público estupefato com seus passos ao som da música típica do Peru. Sua performance fez a platéia se levantar para ovacioná-la, assim como me levou a querer saber mais sobre o seu trabalho e compartilhá-lo. Na entrevista que segue vocês poderão conhecer um pouco da trajetória desta bailarina afroperuana radicada no Brasil, aonde ensina a língua espanhola e pretende desenvolver um trabalho de inclusão da dança nas atividades para jovens em idade escolar. Com vocês, Carmen Watson!

1. Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Desde a adolescência tenho sido espectadora da arte de vários tipos, principalmente da folclórica. E, foi aos 17 anos que por uma casualidade comecei a estudar e praticar a arte no Instituto Nacional de Cultura, na época dirigido pela antropóloga Victoria Santa Cruz, em Lima, cidade onde nasci.

2. Qual a sua formação?

A minha formação atual é na área de Letras, sou professora e tradutora. Porém, quando vim para o Brasil, teria seguido a carreira de Coreógrafa se a oportunidade de lecionar a língua espanhola não se houvesse apresentado com tanta força no meu novo caminho. Porque a arte folclórica é uma atividade que levo comigo desde sempre e, sempre que posso colaboro na consultoria e representação da arte da dança, em eventos culturais da cidade e em festivais de imigrantes em São Paulo.

3. Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Como disse anteriormente, a atividade artística ocorreu casualmente e foi evoluindo na minha convivência com pessoas envolvidas nela. E houve, sim, um momento em que essa foi a minha intenção. Pois fiz dois cursos de coreografia e história da dança no Centro Cultural Três Rios e na Secretaria da Educação de São Paulo.

4. Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

A minha carreira começou em Lima, trabalhando como bailarina no Conjunto Nacional de Folclore do Peru, órgão do Instituto Nacional de Cultura, ligado ao Ministério de Educação. Ali estudava e pesquisava sobre o canto, instrumentos musicais, dança e teatro popular peruanos, para levá-los como parte de espetáculos a diversos encontros nacionais e internacionais. Como membro integrante do INC tive a oportunidade de participar em eventos que abriram a minha visão de como é o trabalho do artista no exterior, e compará-lo com o do meu país. Paralelamente ministrava aulas de Expressão Rítmica Latino-americana, como parte da fisioterapia corporal. Também trabalhei na Associação Cristã de Moços (ACJ), onde ministrei um curso de Danças Afro-Latinas. Em outros centros culturais ofereci Workshops de rítmica, com instrumentos de percussão e em algumas instituições da área da saúde espetáculos para eventos beneficentes. A partir do momento em que fixei residência no Brasil a atividade artística foi mais reduzida, pelos motivos que já comentei.

5. Quais artistas lhe influenciaram?

Os artistas que me influenciaram foram, em sua maioria, os da cultura Afro-latina como Célia Cruz e Alicia Alonso de Cuba, Eva Ayllón, de Peru, e, obviamente, Victoria Santa Cruz, artista e antropóloga peruana, que me ensinou a maior parte do conhecimento que levo na minha bagagem.

6. Quando passou a se considerar profissional?

Passei a me considerar profissional a partir do momento em que levei à prática individual o conhecimento adquirido ao longo dos 6 primeiros anos na área e recebi o reconhecimento dos especialistas e críticos.

7. Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Sempre tive muito claro que o artista precisa disponibilizar tempo para manter e melhorar a sua performance. Antigamente o artista devia ter um bom vínculo com o meio artístico e ter uma renda extra, para assumir a criação e preparação de espetáculos seja individualmente ou em equipe. Essa renda, muitas vezes, resultante de patrocínio. Porém, o artista afro-descendente sempre teve mais dificuldade que o de outra etnia para obter apoio de terceiros e manter-se no meio artístico por longo período.

8. Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Atualmente, o apoio ao trabalho do artista é maior em muitas partes do mundo, pois as mais diversas sociedades têm demonstrado interesse em conhecer e divulgar as diferentes manifestações de arte, já que a consideram de suma importância na formação cultural de qualquer indivíduo. Ou seja, o artista hoje consegue ser, continuar e crescer como profissional assalariado em diversos ambientes ao mesmo tempo. Seja em ambiente escolar, esportivo ou acadêmico. Com isso quero dizer que, hoje, sinto as portas mais abertas.

9. Como é o seu dia de trabalho?

Atualmente levo o folclore para a sala de aula, como parte do conteúdo temático na disciplina de língua espanhola, mas não a dança. Porém, está em meus planos incluir essa arte nas atividades para jovens em idade escolar.

10. Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Há um bom tempo que não circulo no meio artístico, não por falta de interesse e sim por falta de opção. Mas dias atrás, quando em um evento de discussão sobre a cultura afro-peruana, produzido por minha sobrinha Gabriela Watson, houve a iniciativa de filmar toda a programação e tive o privilegio de ser filmada enquanto mostrava um pequeno baile afro-peruano, fiquei surpresa com a rapidez com que o vídeo foi colocado na Internet, pois muitas pessoas me procuraram a raiz dessa apresentação. Posso dizer, portanto, que meu trabalho pode se beneficiar com a Internet e as redes sociais.

11. É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

Acredito que não é fácil para o artista, mas como disse anteriormente, a dedicação e a inserção do seu trabalho em diversos meios de atuação será uma boa alternativa para conseguir sustentar sua vida familiar.

12. Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

A minha profissão como artista, no futuro, acredito que será difícil se não houver um extenso processo de política pública do Ministério da Cultura, que melhore a condição humana dos envolvidos no crescimento cultural de uma sociedade. E creio que uma alternativa seria convocar, a partir de um canal de comunicação, artistas, educadores, produtores e representantes de instituições culturais para que, em conjunto, encontrem a melhor solução. Não só para o benefício do artista, mas principalmente para o dos escolares. Porque é importante recuperar no currículo escolar o sentido criativo que proporciona a atividade artística, como é realizado em alguns países. Essas atividades poderiam ser de dança, música, teatro, artes plásticas e desenho entre outras.

13. Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Gostaria que me perguntassem se o papel do artista e do professor-artista teria o mesmo desempenho no ambiente escolar. Pois, sobre isso posso comentar que a oportunidade de aliar o meu dom artístico à pedagogia é uma experiência única porque nos últimos anos se tem apresentado como uma nova proposta para o ensino no Brasil. Nela, o professor-artista deve ser considerado como um profissional da educação devidamente habilitado e comprometido com a aproximação da escola ao universo da cultura.

Para conhecer mais do trabalho de Carmen Watson, siga-a no Facebook:


Para ficar atualizado das novidades do Cultura Artfício, curta nossa página no Facebook:
Ou siga-nos no Twitter: