É impossível
não relacionar a figura de Alan Medina aos vários filmes publicitários que
protagonizou e que se tornaram populares grandemente por seu carisma e timing para o humor. De menino azarador
que se vale mais pelo seu pacote de batatas que por sua lábia, ao atendente de
uma empresa que vai ficando fisicamente como a cliente de tão personalizado o
atendimento oferecido, são mais de cem trabalhos e muitos os personagens que
causam inegável empatia ao serem personificados por Alan. Contudo, seu
excelente desempenho na publicidade é resultado do estudo e trabalho em
diferentes meios como o teatro, o cinema e a televisão. Tendo se iniciado nas
artes como aprendiz de balé clássico, cursou Artes Dramáticas e Cinema,
cultivando em seu currículo cursos com grandes mestres como o cineasta Walter
Lima Jr., o diretor de peças teatrais Antunes Filho, a coach de elenco Fátima Toledo, e o diretor de TV Wolf Maia, só para
citar alguns. Mas é como diretor que a criatividade de Medina pode ser vista de
forma mais ampla e profunda, também como roteirista e produtor, em curta
metragens como “De olho no olho” (2010, filme que mostra um falso reality show com cegos como
participantes, no qual o prêmio final são as córneas de uma paciente portadora
de um vírus fatal em estado terminal, que abriu o “Cine MuBE Vitrine 2010”, com
Eliana Guttman, Theodoro Cochrane e Marília Gabriela no elenco) e “Obrigado doutora” (2011, que mostra a
rotina de uma médica domiciliar dedicada, que tem o hábito de roubar porta
retratos com fotos de seus pacientes e guarda-los em sua estante, vencedor
de 9 prêmios, incluindo Melhor Filme Brasileiro no “48 Hour Film Project 2011”,
e integrante da seleção oficial do estadunidense “Filmapaloosa 2012”, com Ligia
Maia, José Simões e o próprio Alan atuando). Trabalhando pela primeira vez com um texto teatral que traduz completamente
a visão que tem hoje sobre si e seu trabalho, Alan Medina pretende revelar-se
mais que nunca. Aguardemos!
1. Quais os primeiros contatos que
você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?
Meu primeiro
contato com a arte foi certamente através do cinema, na infância. Lembro de ir
todo final de semana com meu pai assistir à algum filme na Paulista. Já no
início da adolescência, comecei a assistir espetáculos de dança, indicados por
uma amiga bailarina. Me lembro de assistir alguns espetáculos do Ballet da
Cidade e do Stagium e ficar fascinado.
2.
Qual
a sua formação?
Sou ator
formado pela EAD (Escola de Arte Dramática da USP) e cineasta formado pela
Anhembi Morumbi.
3. Quando e como lhe ocorreu ser
artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que
aconteceu?
Creio que o
desejo de ser artista sempre existiu. Sempre me interessei pelo mundo artístico,
à princípio como espectador, mas a intenção real em me tornar um profissional
da área ocorreu quando comecei a estudar ballet clássico na Escola Municipal de
Bailado, em 1994. Cursei a escola durante três anos.
4. Você pode nos contar um pouco da
sua carreira?
Costumo
dizer que as coisas foram fluindo naturalmente. A dança me levou ao teatro
musical, que me despertou o desejo de ser ator. A EAD me abriu as portas para o
teatro alternativo paulista e, consequentemente, ao universo do cinema
independente. Hoje me divido entre trabalhos como ator e projetos como diretor
de cinema. Como ator, trabalhei em espetáculos, séries de TV, longas e
comerciais. Atuei no curta
"Noite Perdida", de Filippo Laprieta, vencedor do prêmio de melhor
filme estrangeiro no Los Angeles Comedy Festival e seleção oficial de Cannes
2013, além de inúmeros festivais internacionais. Atualmente
estou filmando a série “PSI”, da HBO, com direção de Marcus Baldini. Como
diretor e roteirista realizei quatro curtas. Nos próximos meses, me dedico à
pré-produção da montagem teatral de um texto inédito no Brasil de um dramaturgo
inglês contemporâneo.
5.
Quais
artistas lhe influenciaram?
São
tantos... Entre atores e diretores, escolho dois cineastas que influenciam minhas
duas vertentes de trabalho: Stanley Kubrick, por sua abordagem universal, mesmo
nos temas mais difíceis, e David Lynch, cujo universo sombrio e oculto me inspira
muito, tanto na temática quanto na estética.
6.
Quando
passou a se considerar profissional?
Quando atuei
na primeira peça fora da EAD, “O Despertar da primavera” de Frank Wedekind, com
direção de Zé Henrique de Paula, que ficou em cartaz no Centro Cultural São
Paulo.
7.
Qual
era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?
Uma rotina
fluida, sem muitas preocupações. A vocação me levaria aos lugares certos, escolhas
certas e muitos aplausos.
8.
Qual
é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?
Trabalho
diário, com busca contínua de renovação e velocidade na concretização de
projetos.
9.
Como
é o seu dia de trabalho?
Não existe
um dia padrão. Se estou filmando uma série, por exemplo, é só isso que faço: 6
dias por semana, 14 horas por dia. Se estou dirigindo um filme, é a mesma
coisa. Aí fico dias, ou até semanas, tranquilo, me preparando para o próximo
projeto, em casa, estudando, me reciclando, ou fazendo testes para outros
papéis. Gosto muito dessa falta de rotina, tem à ver com a minha personalidade.
Não me imagino fazendo a mesma coisa durante longo período.
10. Seu trabalho foi
beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?
Muito.
Principalmente como ator. Muitos produtores de elenco e diretores chegam até
mim via Facebook ou do meu canal no Youtube. Essas ferramentas agilizaram o processo de
casting. Eu diria até que, hoje, o ator
não precisa mais de material físico para se vender.
11. É possível pagar as contas
tendo a arte como ofício? Como você faz?
É perfeitamente
possível com planejamento. Com os anos você aprende que escolheu uma profissão
instável e precisa saber lidar com a sazonalidade. Hoje eu consigo me organizar
financeiramente e viver da minha profissão.
12. Como você acredita que será
o futuro da sua profissão?
Acho que o
que acontece com o artista é um reflexo do fenômeno global que atinge todas as
profissões. A concorrência vai aumentar cada vez mais e os mais preparados para
os novos tempos serão os primeiros colocados. O mais talentoso pode perder a
corrida para o mais antenado. É preciso estar atento.
13. Fale
sobre o que você gostaria do seu
trabalho, mas nunca lhe perguntam.
Boa
pergunta! Proponho uma nova entrevista perto da estreia da minha nova peça. Que
tal? Talvez pela primeira vez estou completamente mergulhado num texto que diz
exatamente tudo o que eu sempre quis falar sobre mim e sobre meu trabalho. É só
esperar mais um pouco...
Para
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