sábado, 31 de agosto de 2013

Entrevista com Alan Medina

É impossível não relacionar a figura de Alan Medina aos vários filmes publicitários que protagonizou e que se tornaram populares grandemente por seu carisma e timing para o humor. De menino azarador que se vale mais pelo seu pacote de batatas que por sua lábia, ao atendente de uma empresa que vai ficando fisicamente como a cliente de tão personalizado o atendimento oferecido, são mais de cem trabalhos e muitos os personagens que causam inegável empatia ao serem personificados por Alan. Contudo, seu excelente desempenho na publicidade é resultado do estudo e trabalho em diferentes meios como o teatro, o cinema e a televisão. Tendo se iniciado nas artes como aprendiz de balé clássico, cursou Artes Dramáticas e Cinema, cultivando em seu currículo cursos com grandes mestres como o cineasta Walter Lima Jr., o diretor de peças teatrais Antunes Filho, a coach de elenco Fátima Toledo, e o diretor de TV Wolf Maia, só para citar alguns. Mas é como diretor que a criatividade de Medina pode ser vista de forma mais ampla e profunda, também como roteirista e produtor, em curta metragens como “De olho no olho” (2010, filme que mostra um falso reality show com cegos como participantes, no qual o prêmio final são as córneas de uma paciente portadora de um vírus fatal em estado terminal, que abriu o “Cine MuBE Vitrine 2010”, com Eliana Guttman, Theodoro Cochrane e Marília Gabriela no elenco) e “Obrigado doutora” (2011, que mostra a rotina de uma médica domiciliar dedicada, que tem o hábito de roubar porta retratos com fotos de seus pacientes e guarda-los em sua estante, vencedor de 9 prêmios, incluindo Melhor Filme Brasileiro no “48 Hour Film Project 2011”, e integrante da seleção oficial do estadunidense “Filmapaloosa 2012”, com Ligia Maia, José Simões e o próprio Alan atuando). Trabalhando pela primeira vez com um texto teatral que traduz completamente a visão que tem hoje sobre si e seu trabalho, Alan Medina pretende revelar-se mais que nunca. Aguardemos!

1. Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Meu primeiro contato com a arte foi certamente através do cinema, na infância. Lembro de ir todo final de semana com meu pai assistir à algum filme na Paulista. Já no início da adolescência, comecei a assistir espetáculos de dança, indicados por uma amiga bailarina. Me lembro de assistir alguns espetáculos do Ballet da Cidade e do Stagium e ficar fascinado.

2.    Qual a sua formação?

Sou ator formado pela EAD (Escola de Arte Dramática da USP) e cineasta formado pela Anhembi Morumbi.

3. Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Creio que o desejo de ser artista sempre existiu. Sempre me interessei pelo mundo artístico, à princípio como espectador, mas a intenção real em me tornar um profissional da área ocorreu quando comecei a estudar ballet clássico na Escola Municipal de Bailado, em 1994. Cursei a escola durante três anos.

4. Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Costumo dizer que as coisas foram fluindo naturalmente. A dança me levou ao teatro musical, que me despertou o desejo de ser ator. A EAD me abriu as portas para o teatro alternativo paulista e, consequentemente, ao universo do cinema independente. Hoje me divido entre trabalhos como ator e projetos como diretor de cinema. Como ator, trabalhei em espetáculos, séries de TV, longas e comerciais. Atuei no curta "Noite Perdida", de Filippo Laprieta, vencedor do prêmio de melhor filme estrangeiro no Los Angeles Comedy Festival e seleção oficial de Cannes 2013, além de inúmeros festivais internacionais. Atualmente estou filmando a série “PSI”, da HBO, com direção de Marcus Baldini. Como diretor e roteirista realizei quatro curtas. Nos próximos meses, me dedico à pré-produção da montagem teatral de um texto inédito no Brasil de um dramaturgo inglês contemporâneo.

5.    Quais artistas lhe influenciaram?

São tantos... Entre atores e diretores, escolho dois cineastas que influenciam minhas duas vertentes de trabalho: Stanley Kubrick, por sua abordagem universal, mesmo nos temas mais difíceis, e David Lynch, cujo universo sombrio e oculto me inspira muito, tanto na temática quanto na estética.

6.    Quando passou a se considerar profissional?

Quando atuei na primeira peça fora da EAD, “O Despertar da primavera” de Frank Wedekind, com direção de Zé Henrique de Paula, que ficou em cartaz no Centro Cultural São Paulo.

7.    Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Uma rotina fluida, sem muitas preocupações. A vocação me levaria aos lugares certos, escolhas certas e muitos aplausos.

8.    Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Trabalho diário, com busca contínua de renovação e velocidade na concretização de projetos.

9.    Como é o seu dia de trabalho?

Não existe um dia padrão. Se estou filmando uma série, por exemplo, é só isso que faço: 6 dias por semana, 14 horas por dia. Se estou dirigindo um filme, é a mesma coisa. Aí fico dias, ou até semanas, tranquilo, me preparando para o próximo projeto, em casa, estudando, me reciclando, ou fazendo testes para outros papéis. Gosto muito dessa falta de rotina, tem à ver com a minha personalidade. Não me imagino fazendo a mesma coisa durante longo período.

10. Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Muito. Principalmente como ator. Muitos produtores de elenco e diretores chegam até mim via Facebook ou do meu canal no Youtube. Essas ferramentas agilizaram o processo de casting. Eu diria até que, hoje, o ator não precisa mais de material físico para se vender.

11. É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

É perfeitamente possível com planejamento. Com os anos você aprende que escolheu uma profissão instável e precisa saber lidar com a sazonalidade. Hoje eu consigo me organizar financeiramente e viver da minha profissão.

12. Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

Acho que o que acontece com o artista é um reflexo do fenômeno global que atinge todas as profissões. A concorrência vai aumentar cada vez mais e os mais preparados para os novos tempos serão os primeiros colocados. O mais talentoso pode perder a corrida para o mais antenado. É preciso estar atento.

13. Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Boa pergunta! Proponho uma nova entrevista perto da estreia da minha nova peça. Que tal? Talvez pela primeira vez estou completamente mergulhado num texto que diz exatamente tudo o que eu sempre quis falar sobre mim e sobre meu trabalho. É só esperar mais um pouco...

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