segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Entrevista com André Abujamra

Cantor, compositor, multinstrumentista, diretor e ator, André Abujamra é sincrético por excelência e sua obra é a perfeita tradução das inúmeras referências em que se inspira. Nasceu artista e se aprofundou nos estudos da música ao longo da vida desde tenra idade. É filho de Antônio Abujamra, importante ator e diretor brasileiro, a quem acompanhava ainda neném da coxia, enquanto sua mãe o amamentava. Teve o início de sua carreira profissional de músico revisitado em 2013, com o lançamento do documentário “Música serve pra isso – Uma história dos Mulheres Negras (de Bel Bechara e Sandro Serpa), banda autointitulada “a terceira menor big band do mundo”. Nela, dividia os vocais e as composições com Maurício Pereira, saxofonista, tocando guitarra, teclado e bateria eletrônica. Os dois discos que lançaram, “Música e ciência” (1988) e “Música serve pra isso” (1990), transpiram uma inventividade ímpar na mistura de referências que vão da música clássica ao rock, passando por todo o resto. Fora de catálogo (até quando?) e vendidos a peso de ouro em sites de leilão e sebos, são bricolagens musicais antropofágicas com intenções pop que fotografam o tempo no qual foram produzidas. No entanto, são obras que se mantêm frescas e relevantes. Desde então, André fundou os grupos Karnak, do sucesso “Alma não tem cor”; Fat Marley; e Gork, além de ter lançado discos solo e composto várias trilhas sonoras para o teatro, o cinema e a televisão – inclusive o tema de abertura do programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum”, produzido pela TV Cultura entre 1994 e 1997. Sua mais recente incursão como ator foi na televisão, como Mestre Cursino no remake da telenovela “Saramandaia”; e no programa “Abusando”, no qual encarna o personagem Andrei Lovborg e fala russo, exibido às terças-feiras no Canal Brasil à meia noite. O russo arcaico embromado que é falado no programa também foi usado em “Família Lovborg”, espetáculo teatral do qual foi diretor musical e artístico, arranjador, videomaker, pianista e ator. Contudo, se define como músico, e é desta arte que fala quando peço para que imagine o futuro de sua profissão. “Música é que nem vento... A gente sabe que existe, mas ninguém vê. O som não acaba, a música não acaba... O futuro é infinito para a minha música.” E ela segue reverberando. O mural de imagens de André Abujamra é composto, em sentido horário, por: foto de Tom B para o disco “Tomorow tecnik” (2012), do Gork; caricatura d’Os Mulheres Negras por Pena Schmidt; foto de Eduardo Barcellos para o disco “Mafaro” (2010), de André Abujamra.

1.  Quais os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como espectador(a)?

Minha mãe me dava leite no peito na coxia do teatro. Aí foi a primeira. Depois, aos três anos de idade meu pai me levou para a escolinha de música.

2.  Qual a sua formação?

Estudei música a vida inteira... Fiz o terceiro colegial nos EUA e lá também estudava música... Na volta, fiz 12 anos de composição e regência... Sou músico. (risos)

3.  Quando e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção clara ou foi algo que aconteceu?

Isso vem da barriga da minha mãe... Nasci músico.

4.  Você pode nos contar um pouco da sua carreira?

Eu comecei cedo... Aos cinco anos já tocava piano em publico, aos vinte e três montei Os Mulheres Negras, depois o Karnak, depois o Fat Marley, depois vieram os meus CDs solo... E fiz muita trilha de teatro, cinema e televisão.

5.  Quais artistas lhe influenciaram?

Essa banda (Les Luthiers) argentina:  http://www.lesluthiers.com
Esse maestro (Spike Jones) da década de 50: http://pt.wikipedia.org/wiki/Spike_Jones. (Ígor) Stravinsky: http://www.youtube.com/watch?v=5tGA6bpscj8
(Serguei) Prokovief: http://www.youtube.com/watch?v=8ZqKWNyjuHE
Hermeto (Pascoal): http://www.hermetopascoal.com.br. 

6.  Quando passou a se considerar profissional?

Desde que nasci... Sou artista antes de ser.

7.  Qual era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?

Impossível responder a essa pergunta. (risos)

8.  Qual é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?

Hoje sou ator e diretor, além de músico... Ser artista no Brasil é bem difícil, assim como qualquer outra profissão.

9.  Como é o seu dia de trabalho?

Eu trabalho todo tempo... Crio o tempo todo... Mesmo no silêncio eu estou inventando... Eu vivo de Ventar, IN-VENTAR.

10.  Seu trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?

Meu Facebok de artista está crescendo, meu Twitter está aumentando para quarenta mil seguidores, e meu ReverbNation está bombando... Claro que me ajuda.

11.  É possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?

Eu lavo, passo e cozinho em arte... Eu nunca fiz nada sem ser arte... Casei quatro vezes, várias pensões... E sempre consegui (dificilmente) sobreviver.

12.  Como você acredita que será o futuro da sua profissão?

Música é que nem vento... A gente sabe que existe, mas ninguém vê. O som não acaba, a música não acaba... O futuro é infinito para a minha música.

13.  Fale sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.

Quando você vai ao médico, paga a consulta... Quando você vai à padaria e come o pão, paga por ele... A música ninguém paga mais, e ninguém vive sem... Acho que um dia as pessoas deveriam pensar sobre isso. Eu não sou contra baixar musica não, mas acho que a tecnologia poderia nos ajudar no futuro. Sei lá, alguma empresa de telefonia eletronicamente pagar para o artista alguma coisa.

Para conhecer mais do trabalho de André Abujamra, visite sua página no ReverbNation:
E siga-o no Twitter para saber o que ele anda fazendo:
https://twitter.com/andreabujamra


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