Cantor, compositor,
multinstrumentista, diretor e ator, André Abujamra é sincrético por excelência
e sua obra é a perfeita tradução das inúmeras referências em que se inspira.
Nasceu artista e se aprofundou nos estudos da música ao longo da vida desde
tenra idade. É filho de Antônio Abujamra, importante ator e diretor brasileiro,
a quem acompanhava ainda neném da coxia, enquanto sua mãe o amamentava. Teve o
início de sua carreira profissional de músico revisitado em 2013, com o
lançamento do documentário “Música serve pra isso – Uma história dos Mulheres Negras” (de
Bel Bechara e Sandro Serpa), banda autointitulada “a terceira menor big band do mundo”. Nela, dividia os
vocais e as composições com Maurício Pereira, saxofonista, tocando guitarra,
teclado e bateria eletrônica. Os dois discos que lançaram, “Música e ciência”
(1988) e “Música serve pra isso” (1990), transpiram uma inventividade ímpar na
mistura de referências que vão da música clássica ao rock, passando por
todo o resto. Fora de catálogo (até quando?) e vendidos a peso de ouro em sites
de leilão e sebos, são bricolagens musicais antropofágicas com intenções pop que
fotografam o tempo no qual foram produzidas. No entanto, são obras que se
mantêm frescas e relevantes. Desde então, André fundou os grupos Karnak, do sucesso
“Alma não tem cor”; Fat Marley; e Gork, além de ter lançado discos solo e
composto várias trilhas sonoras para o teatro, o cinema e a televisão –
inclusive o tema de abertura do programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum”,
produzido pela TV Cultura entre 1994 e 1997. Sua mais recente incursão como
ator foi na televisão, como Mestre Cursino no remake da telenovela “Saramandaia”; e no programa “Abusando”, no
qual encarna o personagem Andrei Lovborg e fala russo, exibido às terças-feiras
no Canal Brasil à meia noite. O russo arcaico embromado que é falado no
programa também foi usado em “Família Lovborg”, espetáculo teatral do qual foi
diretor musical e artístico, arranjador, videomaker,
pianista e ator. Contudo, se define como músico, e é desta arte que fala quando
peço para que imagine o futuro de sua profissão. “Música é que nem vento... A
gente sabe que existe, mas ninguém vê. O som não acaba, a música não acaba... O
futuro é infinito para a minha música.” E ela segue reverberando. O mural de imagens de André Abujamra é
composto, em sentido horário, por: foto de Tom B para o disco “Tomorow tecnik”
(2012), do Gork; caricatura d’Os Mulheres Negras por Pena Schmidt; foto de Eduardo Barcellos para o disco
“Mafaro” (2010), de André Abujamra.
1. Quais
os primeiros contatos que você se lembra de ter tido com a arte como
espectador(a)?
Minha mãe me dava leite no
peito na coxia do teatro. Aí foi a primeira. Depois, aos três anos de idade meu
pai me levou para a escolinha de música.
2. Qual
a sua formação?
Estudei música a vida
inteira... Fiz o terceiro colegial nos EUA e lá também estudava música... Na
volta, fiz 12 anos de composição e regência... Sou músico. (risos)
3. Quando
e como lhe ocorreu ser artista? Houve um momento no qual esta foi uma intenção
clara ou foi algo que aconteceu?
Isso vem da barriga da
minha mãe... Nasci músico.
4. Você
pode nos contar um pouco da sua carreira?
Eu comecei cedo... Aos
cinco anos já tocava piano em publico, aos vinte e três montei Os Mulheres Negras,
depois o Karnak, depois o Fat Marley, depois vieram os meus CDs solo... E fiz muita
trilha de teatro, cinema e televisão.
5. Quais
artistas lhe influenciaram?
Essa banda (Les Luthiers) argentina: http://www.lesluthiers.com.
Esse maestro (Spike Jones) da década de 50: http://pt.wikipedia.org/wiki/Spike_Jones. (Ígor) Stravinsky: http://www.youtube.com/watch?v=5tGA6bpscj8.
(Serguei) Prokovief: http://www.youtube.com/watch?v=8ZqKWNyjuHE.
Hermeto (Pascoal): http://www.hermetopascoal.com.br.
Esse maestro (Spike Jones) da década de 50: http://pt.wikipedia.org/wiki/Spike_Jones. (Ígor) Stravinsky: http://www.youtube.com/watch?v=5tGA6bpscj8.
(Serguei) Prokovief: http://www.youtube.com/watch?v=8ZqKWNyjuHE.
Hermeto (Pascoal): http://www.hermetopascoal.com.br.
6. Quando
passou a se considerar profissional?
Desde que nasci... Sou
artista antes de ser.
7. Qual
era a ideia que você tinha da profissão antes de exercê-la?
Impossível responder a essa
pergunta. (risos)
8. Qual
é a ideia que você tem da profissão hoje que a exerce?
Hoje sou ator e diretor, além
de músico... Ser artista no Brasil é bem difícil, assim como qualquer outra profissão.
9. Como
é o seu dia de trabalho?
Eu trabalho todo tempo... Crio
o tempo todo... Mesmo no silêncio eu estou inventando... Eu vivo de Ventar, IN-VENTAR.
10. Seu
trabalho foi beneficiado com a internet e as redes sociais? Como?
Meu Facebok de artista está
crescendo, meu Twitter está aumentando para quarenta mil seguidores, e meu
ReverbNation está bombando... Claro que me ajuda.
11. É
possível pagar as contas tendo a arte como ofício? Como você faz?
Eu lavo, passo e cozinho em
arte... Eu nunca fiz nada sem ser arte... Casei quatro vezes, várias pensões...
E sempre consegui (dificilmente) sobreviver.
12. Como
você acredita que será o futuro da sua profissão?
Música é que nem vento... A
gente sabe que existe, mas ninguém vê. O som não acaba, a música não acaba... O
futuro é infinito para a minha música.
13. Fale
sobre o que você gostaria do seu trabalho, mas nunca lhe perguntam.
Quando você vai ao médico,
paga a consulta... Quando você vai à padaria e come o pão, paga por ele... A
música ninguém paga mais, e ninguém vive sem... Acho que um dia as pessoas
deveriam pensar sobre isso. Eu não sou contra baixar musica não, mas acho que a
tecnologia poderia nos ajudar no futuro. Sei lá, alguma empresa de telefonia eletronicamente
pagar para o artista alguma coisa.
Para
conhecer mais do trabalho de André Abujamra, visite sua página no ReverbNation:
E siga-o no Twitter para
saber o que ele anda fazendo:
https://twitter.com/andreabujamra
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